Célia Picard & Hannes Schreckensberger
Junho/Julho 2024
Serra da Estrela (Pt)
Agosto/Setembro 2024
Alpes franceses (Fr)
Organização:
Associação Geopark Estrela (Pt)
Centro de arte CAIRN (Fr)
HUMUS é sobre a transumância, o deslocamento de pastores e seus rebanhos pelas montanhas. Uma Open Call gerou grande interesse de artistas de todo o mundo: de 240 propostas, o júri selecionou Célia Picard & Hannes Schreckensberger, uma dupla franco-austríaca que promete investigar o presente para melhor moldar o futuro.
Esta residência ocorre em dois países em momentos distintos: em junho de 2024, a dupla investiga a Serra da Estrela e, em setembro de 2024, explora os Alpes Franceses. O trabalho final será exibido no Museu Vostell-Malpartida, na Espanha, na primavera de 2025. No dia 21 de julho, será possível encontrar os artistas no Seminário sobre Arte e Turismo Sustentável, em Castelo Branco, Portugal, e ouvir suas primeiras impressões e planos sobre o HUMUS.
Na Serra da Estrela, 99% das ovelhas/cabras estão em fazendas familiares, sendo criadas de forma extensiva. Destas, uma pequena porcentagem (cerca de 2.000 animais) continua subindo a montanha em junho e descendo em setembro. Uma dúzia de pastores acompanha os rebanhos e permanecem na montanha por períodos. A transumância na Serra da Estrela ocorre de forma ininterrupta há 30.000 anos, para fornecer pastagens frescas no verão. A revolução industrial, entretanto, criou um mercado para suplementação alimentar, permitindo que os rebanhos permaneçam nos vales. Por que, então, alguns pastores continuam levando as ovelhas para longe de suas fazendas? Em uma sociedade movida por forças econômicas, quais outros valores chamam esses pastores? Em uma sociedade de seres humanos domesticados, como eles aprendem a ler pistas invisíveis no território e nos céus, como aprendem a se comunicar com os animais? O que eles ganham com a transumância? Para a sociedade restante, isso é claro: os ecossistemas da Serra da Estrela evoluíram ao longo dos milênios sob o pastoreio de ovelhas/cabras, portanto, a biodiversidade única que valorizamos e tentamos preservar depende da presença desses animais na montanha.